O presidente americano Donald Trump estendeu por mais um ano o banimento da Huawei no país. Ampliando o alcance da medida assinada em maio do ano passado, o governo dos EUA manteve suas preocupações relacionadas à segurança nacional e seguirá proibindo a marca de operar no território, além de impedir que empresas sediadas no país façam negócios, comprem ou vendam equipamentos para a marca chinesa.
Era um movimento esperado em um momento em que as relações entre os EUA e a China continuam inflamadas, tanto diante da pandemia do novo coronavírus quanto na iminência de uma possível guerra tarifária entre os dois países. Para analistas, era pouco provável que Trump voltasse atrás no banimento da Huawei, principalmente depois que vieram a público informações sobre iniciativas para reduzir ainda mais a dependência dos americanos de componentes e mão-de-obra chinesa.
O maior impacto continua sendo na implantação do 5G no país. Nos últimos meses, Trump reduziu a pressão sobre países aliados para que não trabalhassem com a Huawei na instalação da tecnologia, enquanto manteve a proibição destes trabalhos nos EUA. Aqui, estamos falando de uma das maiores fabricantes desse tipo de equipamento no mundo, uma decisão que, para analistas, pode desacelerar o progresso desse tipo de conectividade e dificultar a adesão dos americanos a ela.
Vencem nesta sexta-feira (15), também, as licenças temporárias que permitem à Huawei continuar trabalhando em projetos de telecomunicações já em andamento. Tais permissões vinham sendo dadas a cada trimestre desde que o banimento completo foi anunciado, em maio do ano passado, e a tendência é de que novas autorizações sejam concedidas, já que a presença marcante nas infraestruturas deve continuar a impedir uma saída completa.
Antes do anúncio da extensão do banimento, a CTIA, organização que reúne empresas de conectividade, wireless e telecomunicações, emitiu carta aberta a Trump pedindo que ele reconsidere a proibição completa da Huawei. Ao Departamento de Comércio, o pedido é para que as permissões sejam, no mínimo, maiores, uma vez que a necessidade de atualização a cada trimestre traz incertezas, dificulta a assinatura de contratos e o andamento de projetos essenciais.
A carta aberta, também, veio como uma resposta a uma pesquisa feita pelo próprio governo junto a empresas do setor, perguntando quais seriam os impactos caso as permissões não fossem mais concedidas. Se o clima já era tenso, essa incerteza só aumentou com a enquete, com a CTIA afirmando que este período de pandemia definitivamente não é o momento para pensar em medidas que possam prejudicar a manutenção de redes federais de comunicação. O grupo, ainda, pede que sejam concedidas autorizações para compartilhamento de tecnologias com a Huawei, dentro de parâmetros que não interfiram nas preocupações quanto à segurança nacional.
A permanência da fabricante chinesa e suas subsidiárias na chamada “lista de entidades” do governo dos Estados Unidos está relacionada a um ato assinado pelo presidente Trump também em 2019, que dá a ele poderes de regular o comércio e o mercado diante de situações que ameacem o país. Na ocasião, muito se falou sobre a assinatura de uma lei voltada, especificamente, para proibir a atuação de companhias chinesas, já que além da fabricante de telecom, a ZTE também sofre proibição semelhante.
A Huawei não se manifestou sobre a extensão do banimento em mais um ano, nem sobre a possibilidade de revogação das licenças temporárias. O governo americano também não falou mais sobre o assunto.
Fonte: Canal Tech