TIM, Claro e Vivo já anunciaram que utilizarão tecnologia DSS para 5G “limitado”; leilão das frequências só deve ocorrer em 2021
Das quatro operadoras nacionais de telefonia celular, três já anunciaram o começo das redes 5G no Brasil ainda em 2020. TIM, Claro e Vivo devem usar a tecnologia de compartilhamento dinâmico de espectro (DSS, na sigla em inglês), que permite atingir maiores velocidades sem modificar a infraestrutura existente.
Há problemas, no entanto, com o uso da tecnologia. O primeiro é a falta de aparelhos compatíveis: enquanto a TIM usará modems próprios com 5G para ampliar o acesso do serviço de internet fixa TIM Live em locais onde não há cabeamento de fibra ótica, Claro e Vivo lançaram a novidade com foco em redes móveis. Mas o único celular compatível com DSS disponível no Brasil é o Motorola Edge, cujas vendas começaram na última terça-feira, 14. Nem mesmo o Edge+, modelo mais caro da mesma linha, tem suporte à tecnologia.
Outro problema é o alcance limitado: a Claro operará o serviço inicialmente apenas em alguns bairros de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). A TIM terá redes apenas em Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG) e Três Lagoas (MS). A Vivo, por sua vez, lançará o 5G em oito capitais, mas também apenas em alguns bairros. São elas: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Por fim, o uso de DSS não traz um 5G “real”. As duas grandes vantagens da quinta geração de telefonia móvel são as velocidades centenas de vezes superiores às disponíveis no 4G e a baixa latência (tempo em que um comando leva entre sair de um aparelho, como um smartphone, até chegar ao destino, como a torre de celular), comparada ao que existe atualmente. Como o DSS usa a estrutura já existente, os ganhos relativos à internet móvel atual ainda existem, mas são muito menores que os ofertados pelo 5G em outros países.
A aplicação “definitiva” da quinta geração de telefonia móvel no Brasil deve vir apenas em 2021, quando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve realizar o leilão das frequências necessárias para o serviço. Há, porém, dificuldades para implementação da nova rede. Uma delas é que parte do espectro de frequências é utilizado atualmente na televisão via satélite, e os setores de telecomunicações (operadoras de telefonia) e radiodifusão (emissoras de rádio e TV) não chegam a um consenso sobre a melhor solução para o impasse.
O outro problema está nas restrições impostas pelos Estados Unidos, em guerra comercial com a China, ao uso de equipamentos da Huawei para infraestrutura de redes. Nesta semana o Reino Unido proibiu, a partir do ano que vem, que operadoras comprem dispositivos da fabricante chinesa. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve dar a palavra final sobre o assunto. O chefe do Executivo federal tem mostrado alinhamento à política externa estadunidense desde o começo do seu mandato. Além da Huawei, apenas a finlandesa Nokia e a sueca Ericsson fabricam equipamentos necessários à implementação do 5G.
Fonte: O Povo