Ao anunciarem importantes movimentos para ecossistema OpenRAN brasileiro, Vivo e TIM também sinalizaram que o desafio de integrar diferentes fornecedores em redes de acesso abertas e desagregadas deve ser superado com o tempo pelas operadoras. Dessa forma, as empresas não acreditam que a tendência vá trazer prejuízos ao desempenho das redes.
Diretor de engenharia de rede da TIM, Marco di Costanzo classificou o OpenRAN como uma transformação da rede de acesso “proprietária e fechada” pelos fornecedores tradicionais para um novo modelo, “padronizado e aberto”. A mudança traria impacto direto na competição do segmento, diminuindo custos e tempo de implantação.
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“Hoje, 60% do custo total de posse [TCO, ou a soma do capex e opex] das redes móveis está nas redes de acesso. Então trazer competição para esse perímetro que concentra 60% do meu spending é claramente promover uma economia de escala“, afirmou Costanzo, em evento promovido pela Futurecom. Ainda assim, o executivo reconheceu que a escolha pelo OpenRAN só faz sentido se a performance das redes for preservada. “Esse é um desafio que vamos enfrentar de forma contundente e forte”, afirmou.
Desafio
Como apontado por TELETIME há uma semana, a garantia do desempenho na nova tecnologia tem sido um dos principais poréns abordados pela indústria, sobretudo por fornecedores consolidados. Durante debate na Futurecom, o head de soluções da Nokia para América Latina, Wilson Cardoso, também questionou como equalizar as vantagens econômicas do OpenRAN com “as necessidades do usuário” por serviços mais potentes.
Neste sentido, a necessidade de um player “integrador” de rede que reúna os diferentes fornecedores de uma cadeia OpenRAN é vista com atenção. Contudo, para o diretor de planejamento de redes da Vivo, Atila Branco, tal complexidade deve ser superada pelas operadoras com o passar do tempo. “Em um primeiro vejo sim uma dependência de empresas para integração, e estamos fazendo testes e análises sobre o aspecto. Já no futuro, as operadoras vão se adequar a essa nova maneira de operar as redes, capacitando equipes com habilidades diferentes”.
Para Branco, tal transição pode ser dolorosa, visto que as teles têm lidado com “ambientes monolíticos” há décadas. “Somos experts sistemicamente, mas não atuamos no detalhe da infraestrutura, o que cria dependência muito grande do fornecedor. Mas lá para frente, vejo uma atuação muito mais de desenvolvimento e customização”, afirma Branco, notando que hoje, muitas estações de acesso utilizadas pelo setor têm capacidades maiores que as necessárias em algumas áreas cobertas.
Da Nokia, Wilson Cardoso concordou que tal movimento de customização vai acontecer, apesar de desafios de escala na produção de equipamentos. Ainda assim, para o executivo o movimento deve ser mais forte em um futuro ambiente 6G do que no 5G. Vale destacar que a Nokia é a fornecedora convencional mais inserida no ecossistema OpenRAN, com participação nas três principais coalizões do novo padrão (O-Ran Alliance, TIP e OpenRAN Policy Coalition).
Virtualização
No caso da TIM, a necessidade de integração no OpenRAN também não é vista como um bicho de sete cabeças. Marco di Costanzo conta que, com exceção das redes de acesso, quase a totalidade das funções de rede da empresa já estão virtualizadas, com forte atuação aberta e multivendor. Muitas destas funções seriam inclusive mais complexas que a própria operação de RAN, segundo o executivo.
“No início do percurso de virtualização há três anos, nos apoiamos em uma grande integradora de sistemas, mas hoje 60% das funções virtualizadas são operadas internamente pela TIM. Nada se faz de um dia para o outro, mas progressivamente essa complexidade foi absorvida. Há complexidades que vêm junta na parte de rádio, mas é a continuidade de um percurso já traçado”, afirmou Costanzo.
Fonte: Teletime