Reino Unido aprova vacina Pfizer/BioNTech contra Covid-19

O Reino Unido aprovou nesta quarta-feira a vacina contra Covid-19 desenvolvida em parceria entre a Pfizer e a BioNTech, saindo na frente dos Estados Unidos e da União Europeia e se tornando o primeiro país ocidental a aprovar um imunizante que, afirmou, poderá começar a ser aplicado aos mais vulneráveis já na semana que vem.

Seringas em frente aos logos da Pfizer e da BioNTech em foto de ilustração 10/11/2020 REUTERS/Dado Ruvic

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, classificou a aprovação pelo órgão regulador britânico como uma vitória global e um raio de esperança em meio à pandemia do novo coronavírus que já matou 1,5 milhão de pessoas no mundo todo, além do forte impacto sobre a economia e das alterações na vida cotidiana.

A Agência Regulatória de Medicamentos e Saúde do Reino Unido (MHRA) deu aprovação para uso emergencial da vacina Pfizer/BioNTech, que eles afirmam ser 95% eficaz na prevenção da Covid-19, em tempo recorde –somente 23 dias depois de a Pfizer publicar os primeiros dados de seu estudo clínico em estágio avançado.

“É fantástico”, disse Johnson. “A vacina começará a ser disponibilizada em todo o Reino Unido a partir da próxima semana. É a proteção das vacinas que, em última instância, nos permitirá retomar nossas vidas e fazer a economia andar de novo.”

As principais potências globais têm corrido em busca de uma vacina por meses em uma tentativa de começar a trilhar a longa estrada da recuperação.

A aprovação de uma vacina praticamente um ano depois de o novo coronavírus surgir em Wuhan, na China, é um triunfo da ciência, disse o presidente da Pfizer, Albert Bourla.

A China já autorizou o uso emergencial de três vacinas experimentais e já inoculou cerca de 1 milhão de pessoas desde julho. A Rússia vem vacinando trabalhadores da linha de frente depois de aprovar a vacina Sputnik V em agosto, antes mesmo de o imunizante passar por testes em estágio avançado que comprovassem sua segurança e eficácia.

Mas a agência reguladora de medicamentos da União Europeia disse nesta quarta que seu processo mais longo para aprovação de uma vacina contra Covid-19 é mais seguro, pois é baseado em mais evidências científicas e checagens do que o processo emergencial adotado pelo Reino Unido.

Líderes britânicos afirmam que, embora adorariam ser vacinados, a prioridade tem de ser para os que mais precisam –idosos, os que trabalham em asilos e profissionais de saúde.

“MOMENTO HISTÓRICO”

A farmacêutica norte-americana disse que a autorização emergencial no Reino Unido assinala um momento histórico na luta contra a Covid-19. A Pfizer anunciou o progresso de sua vacina no dia 9 de novembro com resultados de um teste clínico de estágio avançado.

“Esta autorização é um objetivo rumo ao qual estamos trabalhando desde que declaramos que a ciência vencerá, e aplaudimos a MHRA por sua capacidade de realizar uma avaliação cuidadosa e realizar uma ação oportuna para ajudar a proteger o povo do Reino Unido”, disse Bourla.

“Como prevemos mais autorizações e aprovações, estamos concentrados em avançar com o mesmo nível de urgência para fornecer uma vacina de alta qualidade em todo o mundo com segurança.”

O órgão regulador de medicamentos britânico aprovou a vacina em tempo recorde, em parte por ter feito uma análise “contínua” de dados e do processo de fabricação enquanto a Pfizer corria para concluir os testes

“Com 450 pessoas morrendo de infecção de Covid-19 todos os dias no Reino Unido, os benefícios de uma aprovação rápida de uma vacina superam os riscos em potencial”, disse Andrew Hill, pesquisador sênior visitante do Departamento de Farmacologia da Universidade de Liverpool.

“Entretanto, precisamos de novos testes clínicos independentes para monitorar a segurança e a eficácia de longo prazo.”

A Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) deve se reunir em 10 de dezembro para debater se recomenda uma autorização de uso emergencial da vacina Pfizer/BioNTech, e a Agência Europeia de Medicamentos disse que pode dar uma aprovação emergencial à vacina até 29 de dezembro.

“Os dados apresentados às agências reguladoras de todo o mundo são resultado de um programa de pesquisa e desenvolvimento cientificamente rigoroso e altamente ético”, disse Ugur Sahin, executivo-chefe e cofundador da BioNTech.

Na terça-feira, a mídia dos EUA noticiou que a Casa Branca convocou o chefe da FDA, Stephen Hahn, para debater por que a agência norte-americana não agiu mais rápido para autorizar a vacina da Pfizer.

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PRIMEIRA DA FILA?

O Reino Unido disse que começará a vacinar as pessoas comuns no início da semana que vem, depois de receber as 800 mil doses do centro de fabricação da Pfizer na Bélgica. A velocidade da distribuição depende do quão rápido a Pfizer consegue fabricar e entregar a vacina.

No mês passado, Johnson disse seu país encomendou 40 milhões de doses da vacina da Pfizer –o suficiente somente para menos de um terço da população, já que são necessárias duas doses por pessoa para se obter imunidade.

O secretário britânico da Saúde, Matt Hancock, disse que os hospitais estão prontos para receber as vacinas e que centros de vacinação serão montados em todo o território, mas admitiu que a distribuição será um desafio, já que a vacina precisa ser transportada e armazenada a 70 graus Celsius negativos –temperatura típica do inverno antártico.

A Pfizer disse que as vacinas podem ser mantidas em caixas térmicas de transporte durante até 30 dias, mais do que os 15 aconselhados previamente. Mais tarde, elas podem ser mantidas em temperaturas de geladeira durante até cinco dias.

Entre os outros bem posicionados na corrida pela vacina está a empresa de biotecnologia norte-americana Moderna , que disse que seu produto teve 94% de sucesso em testes clínicos de estágio avançado. Moderna e Pfizer desenvolveram suas vacinas usando uma nova tecnologia de RNA mensageiro (mRNA).

No mês passado, a AstraZeneca disse que sua vacina contra Covid-19, que se baseia em uma tecnologia de vetor viral, mostrou 70% de eficácia em testes cruciais e que pode ter até 90% de eficácia.

Fonte: Agência REUTERS