PARA GARANTIR CHAVE PIX, BANCOS VÃO SORTEAR ATÉ R$ 1 MILHÃO

Mesmo com o grande interesse pelo Pix, os bancos brasileiros estão oferecendo prêmios de até R$ 1 milhão para quem se registrar no sistema de pagamentos instantâneos. A ideia é manter os consumidores conectados ao banco e evitar que esses clientes migrem para outras instituições financeiras para usar o Pix. Afinal, o Pix promete corroer parte das receitas bancárias, mas as instituições financeiras acreditam que, mantendo uma ampla base de clientes, será possível compensar essa queda de receita.

A guerra pelos registros no Pix envolve alguns dos maiores bancos brasileiros e até fintechs. O Santander, por exemplo, lançou a promoção SX do Milhão e promete sortear R$ 1 milhão entre os clientes que se cadastrarem no Pix por meio da plataforma criada pelo banco especificamente para os pagamentos instantâneos, o SX. O banco ainda vai oferecer 10 dias de cheque especial sem juros a todos que mantiverem o cadastro do Pix ativo no Santander.

Já o Banco do Brasil promete sortear 237 prêmios que somam R$ 700 mil para quem se cadastrar no Pix por meio das plataformas do banco. As chances de ganhar os prêmios, que vão de R$ 500 a R$ 100 mil, por sinal, aumentam se o consumidor cadastrar todas as possíveis chaves do Pix no BB e se usar a estrutura do banco para fazer um pagamento instantâneo quando o sistema entrar no ar, em 16 de novembro. Na briga pelos cadastros no Pix, também está a Nubank, que promete distribuir prêmios de até R$ 50 mil a quem usar a plataforma da Nubank para se registrar e usar o Pix.

A disputa pelos cadastros ocorre mesmo com milhões de brasileiros correndo para se registrar no sistema de pagamentos instantâneos a cada dia. Afinal, as opções de chave são limitadas no Pix: o CPF ou CNPJ, o telefone, o e-mail e o QR Code. E os bancos não querem compartilhar as chaves dos seus clientes com outras instituições, para não correr o risco de ver seu consumidor fazendo um Pix por meio de outra instituição.

“O objetivo é fazer com que os clientes cadastrem no BB as três chaves principais — CPF, telefone e e-mail”, confirmou o BB. “A gente tem uma base de clientes muito grande. E a intenção é se consolidar como o primeiro banco de relacionamento com os clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas”, afirmou o diretor de meios de pagamento do BB, Edson Costa.

Costa explicou que ser o banco escolhido para fazer o Pix vai fortalecer o vínculo da instituição com os clientes, inclusive com a oferta de novos produtos e serviços. Assim como o Santander já fez com o cheque especial, o BB pensa, por exemplo, em oferecer serviços de crédito por meio do Pix. Afinal, é por meio desses produtos que serão vinculados ao novo sistema de pagamento que os bancos vão tentar compensar parte da queda de receita prevista com o Pix.

Segundo a Moody’s, o Pix pode corroer até 8% das receitas bancárias. Afinal, é um meio de pagamento rápido, simples e barato que deve ganhar boa parte do espaço de serviços como o TED e o DOC, que hoje chegam a custar R$ 20 em alguns bancos. Por isso, os bancos pretendem vincular serviços rentáveis, como o cheque especial, à plataforma do Pix; e querem garantir a presença dos consumidores nessa plataforma.

“A gente entende que a redução de receita não será proporcional ao valor desses serviços, porque muitos clientes já têm desconto nas tarifas. Mas alguma redução de receita é algo que temos em mente, é natural à medida que o Pix vai se popularizando. Por isso, vamos trabalhar com toda a nossa base de clientes e com uma variedade de produtos para todos os segmentos”, declarou Costa. A ideia do BB é, portanto, que a curva de receitas vai se ajustar, à medida que o banco conseguir mais clientes e mais negócios.

“Ao oferecer uma experiência e uma jornada positiva para o consumidor no Pix, vamos poder aumentar a vinculação com o cliente, aumentar nossa base de clientes e o cliente vai poder aumentar a transacionalidade conosco. E, como muitos clientes já não pagam para fazer TED e DOC, esse aumento de transacionalidade vai compensar a receita transacional que o banco vai deixar de fazer”, reforçou o diretor do segmento de pessoa física do Santander Brasil, Marcelo Labuto.

Benefícios e desafios
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu nessa terça-feira (6/10) que o Pix traz grandes desafios às plataformas bancárias e vai exigir uma adaptação. Mas garantiu que o sistema também pode trazer benefícios. O BC espera, por exemplo, que o Pix favoreça a inclusão financeira e traga mais consumidores para o sistema financeiro nacional, o que pode aumentar a base de clientes e as receitas dos bancos. Além disso, o Pix pode reduzir o uso do dinheiro em espécie, reduzindo o custo com o transporte e a segurança do numerário, o que também pode ajudar a equalizar as receitas bancárias.

Fonte: Correio Braziliense