Empresa de rede neutra se compromete a conceder 50% de desconto à operadora em todas as obrigações previstas para o período de 2025 a 2028; Oi diz que proposta está alinhada aos objetivos do plano de reestruturação
O plano de reestruturação da dívida da Oi já tem um apoio importante. A V.tal, empresa de rede neutra criada a partir da venda da infraestrutura de fibra óptica da operadora, mostrou-se favorável à proposta da empresa de telecomunicações.
Em fato relevante publicado nesta sexta-feira, 3, a Oi diz que “recebeu da V.tal, na data de ontem [2 de março], uma proposta firme de apoio ao plano”.
Segundo o comunicado, a V.tal está disposta a conceder à tele um desconto de 50% em todas as obrigações futuras de 2025 a 2028. A dívida em questão diz respeito a créditos relacionados ao Acordo de Cessão de Direito de Uso de longo prazo “Take-or-Pay” (LTLA) detidos originalmente pela Globenet contra a Oi.
Uma condição para que a empresa de rede neutra apoie o plano de reestruturação é que a Oi quite 44% dos créditos remanescentes pós-desconto por meio de dação de pagamento (quando um bem ou serviço é dado em troca da quitação de uma dívida). A negociação também prevê um acordo para o recebimento de um valor mínimo de infraestrutura de cabos de rede desativada, além da responsabilidade por todos os custos de extração e monetização da infraestrutura que a empresa venderia como sucata.
Os demais créditos, por sua vez, deverão ser pagos de acordo com o cronograma original de 2025 a 2028, com a aplicação dos descontos negociados.
“Esta proposta será analisada pela Companhia, pois potencialmente indica uma redução muito significativa dos passivos não-financeiros futuros da Oi, sendo alinhada com os objetivos do plano de reestruturação”, afirma a operadora, em trecho do fato relevante.
Acordo
A Oi informou, também nesta sexta-feira, que chegou a um acordo com um grupo de credores. O trato foi fechado com detentores de títulos Sênior PIK Toggle, com vencimento em 2025, e com titulares de créditos originários de contratos firmados com agências de crédito à exportação (ECA, na sigla em inglês).
A operadora ainda anunciou que obteve, junto a dois credores, um financiamento de US$ 275 milhões (aproximadamente R$ 1,43 bilhão) para cobrir às necessidades de curto prazo.
Tanto o apoio da V.tal como o acordo com credores financeiros foram informados aos acionistas e ao mercado apenas um dia depois de a companhia ingressar na Justiça do Rio de Janeiro com um pedido de nova recuperação judicial.
No pedido de recuperação protocolado, a Oi aponta que tem R$ 29 bilhões em dívidas financeiras. No entanto, o endividamento total que deseja incluir na recuperação judicial alcança R$ 43,7 bilhões.
A primeira recuperação judicial da Oi teve início em junho de 2016 e foi concluída em dezembro do ano passado. Na ocasião, a empresa somava dívidas na ordem de R$ 65 bilhões.
Fonte: Telesíntese