O governo Trump avançou nesta sexta-feira no bloqueio de envios de semicondutores de fabricantes de chips globais para a Huawei Technologies, em uma medida que pode aumentar as tensões com a China.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos disse que estava alterando uma regra de exportação para “atingir estrategicamente a aquisição de semicondutores pela Huawei, que são o produto direto de certos softwares e tecnologias dos EUA”.
A Reuters relatou a notícia antes da divulgação do Departamento, que disse que “o anúncio interrompe os esforços da Huawei para minar os controles de exportação dos EUA”.
A mudança da regra é um golpe para a Huawei, segunda maior fabricante de smartphones do mundo, bem como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), uma grande produtora de chips para a unidade HiSilicon da Huawei e também para as rivais Apple (AAPL) e Qualcomm
A TMSC anunciou na quinta-feira que construirá uma fábrica de chips de 12 bilhões de dólares no Arizona. A empresa não comentou imediatamente nesta sexta-feira.
A Huawei, que precisa de semicondutores para seus amplamente utilizados equipamentos de smartphones e telecomunicações, está no centro de uma batalha pelo domínio tecnológico global entre os Estados Unidos e a China.
A Huawei, que alertou que o governo chinês retaliará se a regra entrar em vigor, não comentou imediatamente nesta sexta-feira. Os futuros dos índices de ações dos EUA passaram a operar em patamar negativo após reportagem da Reuters.
“O governo chinês não ficará parado vendo a Huawei ser abatida”, disse Eric Xu, presidente da Huawei, a repórteres em 31 de março.
Os Estados Unidos estão tentando convencer seus aliados a excluir equipamentos da Huawei das redes 5G, porque supostamente pode ser usado pela China para espionagem. A Huawei negou repetidamente a alegação.
Sob a mudança de regra, as empresas estrangeiras que usam equipamentos de fabricação de chips dos EUA deverão obter uma licença antes de fornecer determinados chips à Huawei ou a uma subsidiária como a HiSilicon.
Preocupações com a segurança nacional
O secretário de Comércio, Wilbur Ross, disse à Fox Business “que existe uma brecha altamente técnica através da qual a Huawei foi capaz, de fato, de usar a tecnologia dos EUA com produtores estrangeiros”. Ross chamou a mudança de regra de “uma coisa altamente personalizada para tentar corrigir essa brecha”.
Ross disse em comunicado escrito que a Huawei “intensificou os esforços para minar essas restrições nacionais de segurança”.
O Departamento de Comércio disse que a regra permitirá que os itens já em produção sejam enviados para a Huawei desde que as remessas estejam concluídas dentro de 120 dias a partir desta sexta-feira. Os chipsets precisariam estar em produção até sexta-feira ou seriam inelegíveis sob a regra.
Os Estados Unidos colocaram a Huawei e 114 afiliadas em sua lista negra econômica, citando preocupações de segurança nacional.
Isso forçou algumas empresas norte-americanas e estrangeiras a buscar licenças especiais do Departamento de Comércio para vender a tais empresas, mas autoridades do governo dos EUA que assumiram posição agressiva contra a China ficaram frustrados com o grande número de cadeias de fornecimento fora de seu alcance.
Separadamente, o Departamento de Comércio estendeu uma licença temporária que expiraria nesta sexta-feira para permitir que as empresas norte-americanas, muitas das quais operam redes sem fio na zona rural do país, continuem negociando com a Huawei até 13 de agosto. Ele alertou que esperava que essa fosse a extensão final.
O governo Trump tomou uma série de medidas destinadas às empresas de telecomunicações chinesas nas últimas semanas.
A Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA iniciou no mês passado o processo de encerramento das operações no país de três empresas estatais chinesas de telecomunicações, citando riscos à segurança nacional.
Nesta semana, o presidente Donald Trump prorrogou por mais um ano um decreto de maio de 2019 que proíbe empresas dos EUA de usar equipamentos de telecomunicações fabricados por empresas consideradas como risco de segurança nacional, uma medida que atinge a Huawei e a ZTE Corp
Fonte: Moneytimes