Foram criadas 372.265 vagas com carteira assinada no mês. Dados são do Caged, e não podem ser comparados aos do IBGE
Em agosto, a economia brasileira gerou 372.265 empregos novos com carteira assinada. As informações são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência. É o 8º mês seguido com alta nos números.
Para o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, os dados mostram a recuperação da economia. Ele destacou o avanço da vacinação contra a covid-19 no país e disse que houve impacto positivo do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) — que permitiu a redução dos salários da jornada de trabalho — sobre todos os números da economia formal. “Para este ano, o governo espera atingir a meta de criação de 2,5 milhões de postos formais de trabalho com carteira assinada”, afirmou Onyx.
A advogada Juliana Guimarães, especialista em empreendedorismo, acredita que, mesmo com esse bom resultado, deve-se levar em consideração que a metodologia de coleta de dados do Caged foi alterada em dezembro de 2019.
“Até aquela data, eram monitorados dados da CLT. A partir de janeiro de 2020, passaram a ser considerados também os do eSocial e Empregador Web. Os dados do eSocial são mais amplos porque consideram trabalhadores formais em categorias não consideradas pelo CLT, como: estagiários, cooperados, trabalhadores eventuais, autônomos, entre outros. Como o novo sistema considera uma base muito maior, a comparação com anos anteriores é prejudicada pela alteração metodológica de coleta de dados”, afirmou.
Para a advogada, sob esse prisma, deve-se ter cautela ao avaliar a performance desses dados e, principalmente, de conectá-los a um crescimento ou retomada econômica considerável. “Sugiro também analisar os dados levantados pelo IBGE — metodologia que registra recorde de desemprego e leva em consideração também o trabalho informal, sem carteira assinada. Também deve-se considerar o aumento notável do número de empresas abertas no último ano, muito impactada por aberturas de MEIs (empresas de microempreendedores individuais)”, observa.
Segundo Juliana, a dinâmica do mercado mudou. Com tantas bases e metodologias diferentes, é difícil responder com certezas. “O fato é que podemos falar que a diferença entre emprego e trabalho está sendo percebida pela população brasileira. Percebemos o aumento de oportunidades de trabalho no setor de serviços e também a migração para o empreendedorismo pautado pela necessidade. Essa dinâmica de redução de oferta de empregos foi acelerada pela queda de quase 20% no número de empresas que conseguem manter suas operações depois de três anos em funcionamento, pela reestruturação de cargos e salários nas empresas que ainda sobrevivem, e também pela mudança no comportamento de relacionamento e consumo”, declarou.
Fonte: Correio Braziliense