ECONOMISTAS PROJETAM CRESCIMENTO RECORDE DO PIB NO 3º TRIMESTRE

O mercado financeiro espera crescimento de 8,80% do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre em relação ao segundo, de acordo com as estimativas de 47 instituições financeiras ouvidas pelo Projeções Broadcast. Se confirmada, será a maior expansão da série das Contas Nacionais Trimestrais, iniciada em 1996, logo após o tombo de 9,7% registrado no segundo trimestre do ano.

Se confirmado esse resultado, o PIB nacional ainda estará 4,16% abaixo do nível do quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. As previsões são todas de crescimento, de 7,40% a 9,50%, com mediana de 8,80%, sustentadas pela recuperação mais forte do que o previsto da atividade econômica depois de abril e maio, quando os efeitos da covid-19 sobre a economia atingiram sua intensidade máxima. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o PIB do terceiro trimestre na quinta-feira, 3, às 9 horas

Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a projeção do mercado é de recuo de 3,50%.

A queda no consumo com a redução de estímulos como o auxílio emergencial deve levar a uma moderação do PIB do quarto trimestre. O mercado prevê desde queda de 0,40% a crescimento de 3,50% de outubro a dezembro, com mediana de alta de 2,0%. Na comparação com o mesmo período de 2019, as projeções são todas de queda, de 4,60% a 0,60% e o valor intermediário é de contração de 2,10%.

Apesar do crescimento previsto para a segunda metade de 2020, o PIB do ano deve cair 4,50%, segundo a pesquisa. Essa é a mesma projeção do Ministério da Economia para a atividade econômica deste ano. Se confirmada, será a maior queda anual da série histórica iniciada em 1901 – a mais intensa até hoje foi registrada em 1990 (-4,35%). Em 2021, o PIB deve crescer de 2,20% a 5,30%, segundo as estimativas coletadas. A mediana é de 3,40%.

O ritmo da recuperação da atividade econômica surpreendeu o mercado ao longo do terceiro trimestre, sustentado pelas transferências de renda do governo para as famílias. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como uma prévia do PIB do BC, cresceu 9,47% em relação ao segundo trimestre, puxado por expansão em todos os setores da atividade, com a demanda sustentada pelo auxílio emergencial.

O economista sênior do Banco ABC Brasil Daniel Xavier elevou a previsão de crescimento do PIB do terceiro trimestre de 8,50% para 8,90%. “Vemos que o movimento da economia é basicamente de recompor em parte o que foi perdido no segundo trimestre, com resultados positivos em todos os setores do PIB”, afirma.

O destaque da divulgação deve ficar com o PIB industrial, para o qual Xavier prevê crescimento de 17%, após retração de 12,30% no trimestre anterior. O economista reforça a natureza ainda desigual da recuperação, com projeções de crescimento de 6% do PIB de serviços, após queda de 9,70%, e de alta de 1,50% do PIB agropecuário, depois da expansão de 0,40% na leitura anterior.

Na ponta mais otimista do levantamento, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, prevê crescimento de 9,50% do PIB do terceiro trimestre. “Realmente vimos um bom desempenho tanto da indústria quanto do varejo e alta do investimento em equipamentos da construção civil”, diz Rafaela, que fala em recuperação em ‘V’ no período.

A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Luana Miranda prevê crescimento mais modesto, de 7,40%, do PIB do terceiro trimestre. Ela espera desempenho fraco do PIB de administração, saúde e educação públicas e seguridade social, que foi a surpresa negativa do segundo trimestre, com queda de 7,62%.

“Os dados que temos disponíveis mostram uma recuperação muito pequena nesse setor, que responde por mais de 24% do PIB de serviços”, afirma Miranda, que prevê crescimento de 6,0% dos serviços como um todo.

O Ibre espera contração de 1,50% do PIB agropecuário e crescimento de 14,20% do PIB da indústria, puxado por expansão de 23,50% da indústria de transformação, de 8,10% da construção civil e de 4,50% da indústria extrativa. Pelo lado da demanda, o Instituto prevê melhora no consumo das famílias (-12,50% para 7,30%), consumo do governo (-8,80% para 0,0%) e investimentos(-15,40% para 15,60%), desaceleração das exportações (1,80% para 0,30%) e queda das importações (-13,20% para -11,60%).

Fonte: Estadão