Desemprego cai a 11,6% em novembro, mas rendimento é o menor desde 2012

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,6% no trimestre encerrado em novembro, o que representa redução em relação aos 13,1% registrados no trimestre anterior. Na comparação com mesmo trimestre de 2020 (14,4%), a queda foi ainda maior.

A taxa registrada em novembro é a menor desde janeiro de 2020 (11,2%), mas a falta de trabalho ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da queda no desemprego, os trabalhadores estão ganhando menos. No trimestre, o rendimento real, já descontando a inflação, caiu 4,5% frente ao trimestre anterior, de R$ 2.559 para R$ 2.444. É o menor rendimento da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) iniciada em 2012. Em um ano, a queda é ainda maior, de 11,4% (R$ 2.757).

“Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores.”
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O crescimento do emprego no trimestre foi impulsionado pelo comércio e reflete o maior número de vagas abertas no fim de ano, como é comum nesse período. Quando comparada a igual trimestre de 2020, a população desocupada recuou 14,5% (menos 2,1 milhões de pessoas em busca de trabalho).

Segundo o IBGE, a população subutilizada totaliza 29,1 milhões de pessoas, queda em relação aos 32,7 milhões registrados um ano antes. Trata-se da soma de pessoas desempregadas, que trabalham menos do que poderiam e que não procuraram emprego mesmo estando disponíveis para trabalhar.

Nenhuma área teve aumento nos rendimentos

  • Nenhum dos grupamentos de atividades teve crescimento no rendimento médio real habitual, frente ao trimestre anterior, mas houve quatro reduções:
  • Indústria (6,1%, ou menos R$ 155)
  • Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,0%, ou menos R$ 146)
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (7,1%, ou menos R$ 270)
  • Serviços domésticos (2,3%, ou menos R$ 22)

Os demais grupamentos não mostraram variações significativas.

Na comparação anual, também não houve crescimento no rendimento de qualquer grupamento, mas seis deles mostraram reduções:

  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7,1%, ou menos R$ 116)
  • Indústria (15,5%, ou menos R$ 439)
  • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (9,5%, ou menos R$ 206)
  • Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (9,4%, ou menos R$ 363)
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (12,8%, ou menos R$ 520)
  • Serviços domésticos (4,4%, ou menos R$ 43)

População ocupada cresce
O número de pessoas ocupadas aumentou 3,5% na comparação com o trimestre encerrado em agosto de 2021. Isso significa mais 3,2 milhões de pessoas no mercado de trabalho.

“Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação, que pudemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano”, explicou a coordenadora do IBGE.

Segundo o IBGE, o nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 55,1%, um aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre anterior.

Alta é maior entre trabalhadores sem carteira assinada
Segundo o IBGE, houve um aumento de 7,4% no número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (mais 838 mil pessoas). Em comparação ao mesmo período do ano passado, a alta é de 18,7%.

O número de trabalhadores por conta própria também cresceu: o aumento foi de 588 mil pessoas (2,3%) em relação ao último trimestre e de 3,2 milhões (14,3%) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2020.

A taxa de informalidade foi de 40,6% e se manteve estável frente ao trimestre anterior, mas houve aumento no número de trabalhadores informais.

“Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal. Então, embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando e contribuindo também para a recuperação da ocupação no país.”
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE

Já o número de trabalhadores com carteira de trabalho no setor privado cresceu 4% frente ao trimestre encerrado em agosto, o que representa 1,3 milhão de pessoas.

“No setor privado, os segmentos de comércio, indústria, saúde e educação e de tecnologia da informação e comunicação foram os que mais expandiram a sua ocupação com trabalhadores com carteira assinada”, diz Beringuy.

Metodologia
A Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de 2.000 entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal.

Por causa da pandemia, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone desde 17 de março de 2020.

Fonte: UOL