AT&T anunciou a venda das operações de entretenimento da Vrio, dona da Sky Brasil, ao Grupo Werthein. Também foram vendidas a Directv na América Latina e o serviço Directv Go.
O grupo argentino Werthein vai comprar da AT&T a unidade de negócios Vrio, que por sua vez controla a Sky Brasil. O valor da transação não foi revelado. No último dia 30 de junho, a AT&T congelou o ativo em seu balanço, já tendo em vista a venda.
Na ocasião, a operadora registrou o grupo de ativos correspondentes pelo valor justo menos custo de venda, o que resultou em uma perda de US$ 4,6 bilhões, incluindo US$ 2,1 bilhões relacionados à conversão acumulada de ajustes para a moeda estrangeira.
As empresas esperam que a transação seja concluída no início de 2022. A AT&T vai anunciar os resultados do segundo trimestre de 2021 amanhã, 22 de julho, do qual talvez seja possível depreender o preço de venda.
O grupo Werthein tem ativos em telecomunicações, finanças, seguros, agronegócio e imóveis. No passado, foi sócio ao lado da Telecom Italia na Telecom Argentina. Atualmente, o grupo tem participação no ARBR, ramal que liga o Brasil à Argentina do cabo Seabras-1.
Na imprensa argentina, circulam rumores de que estaria negociando também a aquisição da Movistar Argentina, do grupo Telefónica. Caso esse movimento se confirme, seria formado o 2º maior grupo de telecomunicações daquele país, juntando-se Directv e Movistar.
O ACORDO
Pelo negócio, o Grupo Werthein vai adquirir 100% do patrimônio líquido da Vrio. A Vrio tem 10,3 milhões de assinantes em 11 países da América Latina e Caribe.
Além da Sky Brasil, a Vrio vende TV paga e banda larga via DIRECTV Latin America e o aplicativo DIRECTV GO. A Vrio oferece serviços no Brasil por meio da marca Sky e na Argentina, Barbados, Chile, Colômbia, Curaçao, Equador, Peru, Trindade e Tobago e Uruguai por meio da marca DIRECTV. O app DIRECTV GO está disponível nos países Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Uruguai.
“Nossa visão do futuro é maximizar essas marcas líderes de entretenimento na América Latina, mantendo sua liderança e aumentando sua proposta de valor, investindo em tecnologia e conteúdo alinhados com os hábitos de consumo de cada um dos clientes, incluindo a próxima geração de consumidores”, diz Dario Werthein, acionista do Grupo Werthein.
INFRAESTRUTURA
A infraestrutura da Vrio inclui satélites e centros de transmissão de última geração de vídeos em formato 4K. As operações de banda larga da Vrio, juntamente com outros investimentos, na Argentina e WIN Sports na Colômbia, serão transferidas para o Grupo Werthein na conclusão. A operação de banda larga colombiana e a Sky do México não foram incluídos na venda.
“Esta transação nos permitirá aumentar ainda mais nosso foco em investir em conectividade para os clientes”, disse Lori Lee, diretora executiva da AT&T Latin America. “Continuamos comprometidos com a América Latina por meio de nosso negócio de wireless no México e serviços para corporações multinacionais que operam na região”, afirma.
Até a conclusão do acordo, não haverá demissões. A AT&T e o Grupo Werthein “esperam” que, quando a transição for finalizada, os empregados da Vrio que atualmente suportam a operação na região serão parte da Grupo Werthein.
A AT&T e o Grupo Werthein também terão acordos de serviços de transição em vigor, nos termos dos quais a AT&T fornecerá serviços ao Grupo Werthein, como faturamento, infraestrutura e suporte ao software, durante o período de um a três anos após a conclusão da transação.
SEAC
A venda da Vrio, e consequentemente da Sky, acontece poucos meses após o anúncio pela AT&T da venda da WarnerMedia. A compra dessas empresa movimentou Brasília, passou por escrutínio de Cade, Anatel e Ancine em função da Lei do SeAC, que veda a propriedade cruzada entre operadoras de telecomunicações (Sky) e programadoras de conteúdo (Time Warner).
A Anatel chegou a aprovar a venda da Time Warner no começo de 2020, sob a perspectiva de que o Congresso Nacional aprovaria um texto revendo a legislação vigente. O que nunca se concretizou. Houve forte pressão política, inclusive do filho do presidente Jair Bolsonaro, que defendeu a fusão nas redes sociais e sugeria que a AT&T, depois de comprar a Time Warner, faria aporte no Brasil.
Pouco mais de um ano depois, a AT&T reduz sua presença no país ao atendimento a grandes clientes corporativos globais.