Provedores de internet e o terceiro setor se posicionaram contra a revisão da agência, afirmando que irá prejudicar o usuário.
A reavaliação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), embora preliminar, em relação ao destino do espectro de 6 GHz gerou uma certa reação entre os provedores de internet e o terceiro setor. Atualmente, a faixa 1,2 GHz é reservada para o WiFi6E. A análise da agência seria deixar 500 MHz para a tecnologia e liberar os demais 700 MHz para que a indústria celular possa usar.
No entanto, durante o Mobile World Congress 20222 (MWC 22), profissionais que foram ouvidos pelo Telesintese, afirmaram que o WiFi é uma ferramenta relevante de inovação, competição e inclusão digital, sendo que qualquer alteração em sua designação seria prejudicial a diversos setores econômicos e sociais.
De acordo com Rosauro Baretta, ex-presidente da Redetelesul (Associação dos Provedores do Paraná), do provedor Dez Telecom e conselheiro do Comitê Gestor da Internet, a reavaliação da Anatel é preocupante. “A proposta vai tirar 700 MHz que podem ser utilizados por quase 20 mil provedores no Brasil e entregar para apenas três empresas”, afirma.
Para ele, o fato de já ter passado um ano desde a destinação do espectro para o WiFi 6 não é justificativa para fazer uma revisão da decisão, uma vez que no MWC 2022 há modelos em exposição de equipamentos WiFi 6E em 6 GHz, faltando apenas o pedido de homologação das fabricantes no Brasil.
Rosauro Baretta ainda afirma que não encontrou ainda evento com nenhum equipamento ou caso de uso de rede celular em 6 GHz. Vale lembrar que além do Brasil, EUA, Canadá e Peru também reservam o espectro de 6 GHz para o WiFi 6E.
“É bom lembrar que além de não haver equipamentos celulares, a União Internacional de Telecomunicações também não destinou os 6 GHz para as redes móveis celulares. Isso só será discutido no futuro”, acrescenta.
O diretor da Associação Nacional de Inclusão Digital (Anid), Percival Henriques, afirma que a revisão da Anatel causa temor por ignorar a necessidade de offload das redes celulares e afeta o consumidor que não tem acesso às redes móveis das operadoras.
Percival Henriques também afirma que é utilizado para fins de políticas públicas municipais, estaduais e federais de conectividade. Além disso, os provedores também oferecem WiFi para usuários que escolherem internet fixa em casa ao invés da móvel e que a quantidade de dados trafegados será superior a da rede celular, cuja superioridade crescerá com o 5G.
“Em abril de 2021, o presidente da Anatel na época, Leonardo de Morais, esteve no CGI e em reunião mostrou que o tráfego WiFi representaria 59% do total de tráfego de internet no mundo agora em 2022. E conforme o 5G crescer, esse offload vai crescer e chegar a 71%. Por isso ele defendeu a destinação dos 6 GHz para o WiFi 6, e apoiamos”, ressalta Percival.
Para Claudio Furtado, representante suplente do CONSECTI no CGI e Secretário de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba, tirar espectro do WiFi vai prejudicar projetos de conexão públicos.
“É importante a manutenção da banda para o WiFi 6E para que a gente possa fazer conexão de escolas, de prédios públicos com muitos pontos e demanda grande para atender. Aqui na Paraíba, são 660 escolas hoje que não têm como atender com tecnologia móvel via operadoras. Mas, chegando ali com fibra e WiFi 6E, seria possível conectar a escola e até o entorno”, afirma.
Fonte: Minha Operadora