Em 2020, a inflação medida pelo IBGE acumula alta de 0,70%; nos últimos 12 meses, a variação é de 2,44%Imagem: Getty Images
Puxada pelo preço dos alimentos e da gasolina, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em 0,24% em agosto — a mais alta para o mês desde 2016, embora tenha desacelerado em relação a julho (0,36%). No ano, a inflação acumula alta de 0,70% e, em 12 meses, de 2,44%.
Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e se referem às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos.
Pesaram mais no bolso do consumidor os alimentos, que chegaram a registrar certa estabilidade de preços em julho, mas voltaram a ficar mais caros em agosto, e a gasolina, que subiu pelo terceiro mês consecutivo. Para as famílias de menor renda, o impacto é maior.
“O item de maior peso no IPCA é a gasolina [alta de 3,22%], que fez com que os transportes apresentassem o maior impacto positivo no índice de agosto [+0,82%]. E a segunda maior contribuição veio do grupo alimentação e bebidas [+0,78%]”, explica Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, ressaltando que os alimentos têm peso de 20,05% no IPCA.
Alta nos alimentos, queda no vestuário
Os alimentos para consumo no domicílio tiveram alta de 1,15% em agosto no IPCA. Os principais itens que influenciaram essa elevação foram o tomate (+12,98%), o óleo de soja (+9,48%), o leite longa vida (+4,84%), as frutas (+3,37%) e as carnes (+3,33%).
Mas é a alta em componentes básicos da alimentação do brasileiro, como arroz e feijão, que eleva a percepção de inflação.
“O arroz [+3,08% em agosto] acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, destaca Pedro Kislanov.
Já as peças de vestuário apresentaram deflação (-0,78%), e foi ainda mais intensa que a registrada em julho (-0,52%). Houve quedas nos preços das roupas masculinas (-0,74%), femininas (-1,23%) e infantis (-1,46%), além dos calçados e acessórios (-0,55%).
Educação segura inflação
O item que mais segurou a inflação de agosto foi a educação (-3,47%), já que várias instituições de ensino passaram a aplicar descontos em suas mensalidades durante a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia do coronavírus.
Os preços dos cursos regulares recuaram 4,38%, sendo que maior queda foi observada na pré-escola (-7,71%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,84%), pela educação de jovens e adultos (-4,80%) e pelas creches (-4,76%).
Nas despesas de casa (habitação), no entanto, houve alta (0,36%). Os maiores impactos vieram do aluguel residencial (0,32%) e da energia elétrica (0,27%). O aumento nos preços de alguns materiais de construção, como o tijolo (9,32%) e o cimento (5,42%), que já haviam sido registrados em julho (4,13% e 4,04%, respectivamente).
INPC sobe 0,36% em agosto
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que se refere às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, registrou alta de 0,36% em agosto, sendo o maior resultado para o mês desde 2012 (0,45%).
No ano, o INPC acumula alta de 1,16% e, nos últimos 12 meses, de 2,94%.
“No INPC, que é um índice mais voltado para famílias de menor renda, os produtos alimentícios [alta de 0,80% em agosto] pesam mais, e por isso o índice acumula uma alta superior à do IPCA no ano”, comenta Kislanov. Os alimentos têm peso de 22,82% no INPC.
Cinco regiões tiveram deflação
Cinco das 16 regiões pesquisadas apresentaram deflação em agosto. O menor índice ficou com Aracaju (-0,30%), especialmente por conta da queda no custo dos cursos regulares (-7,27%). As demais regiões com IPCA negativo foram Fortaleza (-0,23%), Rio de Janeiro (-0,13%), Belém (-0,04%) e Vitória (-0,03%).
Na outra ponta, o maior resultado positivo foi observado em Campo Grande (1,04%), particularmente em função da alta de alguns itens alimentícios, como as carnes (6,28%) e as frutas (9,54%). Outros sete ficaram acima da média nacional (0,24%): Goiânia (0,66%), Brasília (0,58%), Rio Branco (0,54%), Recife (0,46%), São Luís (0,38%), Porto Alegre (0,33%) e São Paulo (0,31%).
Já pelo INPC, apenas dois dos 16 locais pesquisados registraram deflação — Fortaleza (-0,16%) e Aracaju (-0,23%). Outras dez regiões tiveram inflação acima da média de 0,36%, sendo as mais elevadas em Campo Grande (1,33%), que marcou mais que o triplo, Brasília e Rio Branco, ambas marcando quase o dobro (0,71%).
Fonte: UOL